A jornada circular dos bares e restaurantes
Ainda pouco se discute economia circular nos bares e restaurantes, mas o tema tem ganhado mais força nos últimos cinco anos, principalmente na indústria fornecedora do setor. Talvez você nem saiba, mas provavelmente já foi afetado de alguma maneira por discussões ligadas à economia circular. Por exemplo: a proibição de canudos plásticos ou do uso de descartáveis. Mas o que isso tem a ver com economia circular? E onde os bares e restaurantes se encaixam nisso?
Antes de começar a explicar, vamos entender melhor o que é economia circular. A Economia Circular rompe com o conceito linear de produção e consumo no qual as matérias primas são retiradas da natureza, empregadas na fabricação de produtos/bens, que são utilizados e depois descartados (corretamente ou não). Esse modelo considera que todos os itens são inúteis após o uso e a natureza seria uma eterna provedora de recursos naturais, capaz de absorver toda poluição gerada nesse processo. Contudo, sabemos que os patrimônios ambientais não são infinitos e que a maioria dos bens podem ser reciclados ou reutilizados em parte, ou na sua totalidade.
Então, em contraponto ao desenho linear da economia, onde a linha de chegada são os aterros sanitários, quando não, infelizmente, os lixões, rios e mares, a economia circular, como o próprio nome antecipa, é pensada para que os resíduos se transformem e voltem, de alguma maneira, para a cadeia de produção e consumo.
Dentre os princípios circulares estão: a recusa por materiais que prejudiquem o meio ambiente; o reuso dos produtos como a criação de peças de artesanato; a redução da quantidade de lixo gerada, por exemplo o uso de garrafas retornáveis; repensar os nossos hábitos como a possibilidade da substituição do plástico por produtos biodegradáveis e por fim, a reciclagem que é o reaproveitamento do objeto para que ele se transforme em outro produto, poupando água, energia e matéria prima na fabricação.
O setor de alimentação fora do lar é um grande gerador de resíduos, sejam eles orgânicos (sobras de alimentos), recicláveis (metais, plásticos, papel/papelão, vidro) e óleo de cozinha usado. Podemos e devemos assumir a responsabilidade da gestão desses resíduos e da implementação de processos mais produtivos e sustentáveis.
Por exemplo, planejar bem o cardápio, priorizando itens sazonais e evitando desperdícios, é uma excelente prática circular. Melhor do que gerir bem os resíduos é evitar produzi-los, então, quando menos alimentos foram desperdiçados na cozinha e nas mesas dos bares e restaurantes, melhor para o seu bolso e para o planeta. Mas e se sobrar alimentos que não podem ser utilizados no preparo das refeições? É possível, por exemplo, compostar os orgânicos. Há restaurantes que conseguem fazer isso nas próprias estruturas e outros que contratam empresas especializadas. O composto, por exemplo, pode ser usado para adubar hortas. Há também a possibilidade de ‘reciclar’ esses alimentos e transformá-los em ração animal, entre outras soluções inovadoras, como a geração de biogás.
O óleo de cozinha usado pode ser vendido para empresas especializadas que encaminham para a transformação em biocombustível. Outra forma de contribuir é priorizar embalagens de vidro retornáveis. Se não for possível, elas podem ser reutilizadas de diversas formas ou mesmo encaminhadas para reciclagem, já que o vidro tem o potencial de ser reciclado infinitamente, sem perdas no processo.
Os resíduos plásticos também podem ser encaminhados para a reciclagem, assim como o alumínio e o papelão. Todos esses materiais geram renda para milhares de catadores em todo o Brasil, mas, para isso, precisamos contribuir e fazer a correta separação dos resíduos.
Queremos transformar o setor num grande agente da economia circular, sob a ótica da educação e não da proibição, como muitas vezes vemos acontecer. Acreditamos que muito mais eficaz do que proibir o uso de determinado material é conscientizar empreendedores, trabalhadores e consumidores sobre o uso sustentável e mostrar que a economia circular envolve não só ganhos ambientais, mas financeiros e sociais.
Em 2022, comemoramos os cinquenta anos do Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado no dia 5 de junho. A data foi criada na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, também conhecida como Conferência de Estocolmo, em 1972. Não poderíamos estar num momento mais oportuno para começar a agir. O nosso futuro é circular!
Leonardo Martins
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Adriana Lara
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